A ênfase do processo
seletivo, atualmente, visa em primeiro plano, o aumento da produção
leiteira das búfalas.
Demais fatores de produção são usualmente apenas objeto de seleção
tipo “tandem”, isto é, são eliminados os animais com características
indesejáveis (baixo desenvolvimento ponderal, baixo nível reprodutivo,
defeitos morfológicos expressivos, incidência de patologias, etc.). Não
temos levado em consideração avaliações de “tipo”, haja visto
que não foram ainda estabelecidos parâmetros consistentes em bubalinos
que correlacionem fenótipos com fatores de produção.
Há uma preocupação constante em buscar manter um nível de endogamia
(consangüinidade) o mais baixo possível, a fim de garantir expressiva
variabilidade genética no rebanho que, entendemos, a médio-longo
prazos permitirão uma eficiência mais constante nos ganhos de
produtividade obtidos, além de evitar uma possível depressão endogâmica
na produção.
Com o relativamente pequeno contingente de rebanhos sob controle
leiteiro, fomos obrigados por muitas vezes a utilizar reprodutores sem
avaliação efetiva de suas potencialidades produtivas e, conseqüentemente,
por diversas vezes fomos obrigados a eliminar famílias inteiras de
animais que não apresentaram produtividade satisfatória o que, dado o
longo período necessário para a avaliação de um reprodutor (mínimo
de 5 anos, sendo um para a gestação de sua cria, mais 3 até que tenha
seu primeiro parto e pelo menos mais um para avaliar a produção de sua
primeira lactação), resultou obviamente num retardo no avanço genético
do rebanho e ressalta bem a importância da escolha do reprodutor mais
eficiente para utilização nos rebanhos.
Atualmente, estamos utilizando a metodologia de “Modelo Animal” que,
através da avaliação das produções conhecidas dos animais, seus
descendentes e colaterais, fornece uma estimativa de seu potencial genético
na transmissão de suas características produtivas. O modelo permite
que se estime inclusive o potencial de animais que ainda não entraram
em produção e mesmo os que não a expressam (leite em machos). A
confiabilidade do método (expressa como “acurácia”), é tão mais
precisa quanto mais parentes do animal são avaliados e quando outras
condições que efetivamente influem na produção sejam conhecidas e
também incluídas no modelo.
Nossa base de dados é constituída pelo controle leiteiro (quinzenal ou
mensal) de todas as fêmeas em produção nos rebanhos das Fazendas
Laguna e Paineiras e remonta com maior expressão, desde 1984.
Temos utilizado o software “ASREML”, disponibilizado por A.R.Gilmour-Austrália,
no processamento destas informações, estimando o valor genético dos
animais (BV), com base na produção ajustada a 305 dias, utilizando
como efeitos fixos a idade à parição, ordem de cria, estação-ano de
produção e local, e como efeitos aleatórios o pai e a mãe dentro de
pai. Tal avaliação significa o potencial que o animal teria de
transmitir a seus descentes a produção leiteira acima da média dos
rebanhos em que foi avaliada, sendo o grau de confiabilidade desta
informação ditado pela acurácia (que varia de 0 a 1). Como 50% do
material genético virá do pai e 50% da mãe, o chamado PTA (potencial
de transmissão produtiva) é considerado como sendo metade do BV
encontrado.
Na incorporação da informação de produção na base de dados, incluímos
apenas as lactações com pelo menos 5 controles efetuados (mensais e/ou
quinzenais) e pelo menos 100 dias de duração (quando a produção
acumulada atinge cerca de 50% da lactação total). Como a duração da
lactação é um fator de baixa herdabilidade, ou seja, depende muito
mais do manejo/condições ambientais, optamos por padronizar a duração
para um intervalo de 305 dias (como em bovinos), haja visto que notamos
em nossos rebanhos uma tendência à duração em torno deste valor.
Para tanto, utilizamos uma “projeção” baseada na curva usual lactação
das búfalas, obtida a partir da observação de informações de nossos
rebanhos e que apresentou uma alta correlação (r2>94%), trabalho não
publicado.
A fim de não incluir lactações anormais (perda de bezerros, doenças,
declínio produtivo etc.), eliminamos ainda as lactações que não
atinjam pelo menos 70% da melhor lactação do animal até então
observada.
Esta sistemática nos tem permitido estimar os potenciais genéticos
para produção leiteira inclusive de bezerros, constituindo-se assim,
aliada a um software que desenvolvemos pra avaliar o grau de consangüinidade
de um potencial cruzamento, em ferramenta bastante útil no processo
seletivo e que, esperamos, em pouco tempo permita avançar com maior
velocidade em direção a uma maior produtividade do rebanho e do
material genético a ser disponibilizado.